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Principais parasitos humanos de transmissão hídrica ou por alimentos, Summaries of Food Microbiology

Uma análise detalhada sobre os principais parasitos humanos transmitidos pela água ou alimentos contaminados. Ele abrange informações sobre a biologia, ciclo de vida, vias de transmissão, sintomas, diagnóstico e medidas de controle e prevenção de parasitos como enterobius vermicularis, strongyloides stercoralis, ancilostomídeos, amebas, giardia duodenalis e cryptosporidium parvum. O texto é rico em detalhes sobre os diferentes estágios evolutivos desses parasitos, suas características morfológicas e os impactos patogênicos que podem causar no organismo humano. Além disso, o documento traz orientações sobre técnicas laboratoriais para o diagnóstico parasitológico, como os métodos de sedimentação espontânea, kato-katz e tf-test. Essa abordagem abrangente e didática torna o documento uma referência valiosa para estudantes e profissionais da área de parasitologia, saúde pública e medicina tropical.

Typology: Summaries

2020/2021

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Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
Universidade Federal de Alfenas – Unifal-MG
Principais parasitos humanos de
transmissão hídrica ou por alimentos
Gabriel Gerber Hornink
Urara Kawazoe
Daniel Perez
Eduardo Galembeck
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Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Universidade Federal de Alfenas – Unifal-MG

Principais parasitos humanos de

transmissão hídrica ou por alimentos

Gabriel Gerber Hornink

Urara Kawazoe

Daniel Perez

Eduardo Galembeck

Sumário

1.1.3.4 Ancilostomatídeos: Ancyslostoma

  • Apresentação.....................................................
  • 1 Biologia dos parasitos........................................
    • 1.1 Helmintos................................................
    • 1.1.1 Trematódeos..........................................
      • 1.1.1.1 Schistosoma mansoni .........................
      • 1.1.1.2 Fasciola hepatica ..............................
    • 1.1.2 Cestódeos.............................................
      • 1.1.2.1 Hymenolepis nana .............................
      • 1.1.2.2 Taenia solium ...................................
      • 1.1.2.3 Taenia saginata ................................
    • 1.1.3 Nematódeos...........................................
      • 1.1.3.1 Ascaris lumbricoides ..........................
      • 1.1.3.2 Enterobius vermicularis ......................
      • ceylanicum ................................................ duodenale/ Necator americanus/ Ancylostoma
      • 1.1.3.5 Trichuris trichiura .............................
    • 1.2 Protozoários:............................................
      • 1.2.1 Entamoeba histolitica/ E. dispar .............
      • 1.2.2 Giardia duodenalis ...............................
      • 1.2.3 Cryptosporidium parvum/ C. hominis ........
      • 1.2.4 Cyclospora cayetanensis .......................
      • 1.2.5 Cystoisospora belli (Sin. Isospora belli ).....
      • 1.2.6 Toxoplasma gondii ...............................
      • ............................................................... 1.2.7 Sarcocystis hominis/ Sarcocystis suihominis
      • 1.2.8 Balantidium coli ..................................
  • 4 Problemas/ Casos clínicos.................................
    • 4.1 Estudos de casos clínicos............................
      • 4.1.1 Caso 1:............................................
      • 4.1.2 Caso 2:............................................
      • 4.1.3 Caso 3:............................................
      • 4.1.4 Caso 4:............................................
      • 4.1.5 Caso 5:............................................
      • 4.1.6 Caso 6:............................................
    • 4.2 Situações de risco....................................
      • 4.2.1 Falta de higiene (Geral)........................
      • 4.2.2 Presença de transmissores....................
      • 4.2.3 Enchentes:.......................................
      • 4.2.3 Segurança alimentar:...........................
  • 5 Versão digital – Software educacional..................
  • 6 Materiais multimídias complementares................
  • Referências.....................................................
  • Iconografia......................................................

Hornink G.G., Kawazoe U., Perez D., Galembeck E.

Apresentação

Parasitos das mais diversas espécies que infectam o ser humano são responsáveis pelas doenças endêmicas de grande importância no Brasil e o seu diagnóstico exige uma boa capacitação do profissional. Nesse sentido, o estudo da parasitologia torna-se muito importante dentro do contexto da saúde individual e coletiva, relacionado diretamente com o bem-estar das pessoas. No intuito de oferecer aos estudantes da área biomédica e aos profissionais da área de saúde um bom material de referência para estudo ou consulta, foi desenvolvido um material prático e teórico sobre os parasitos intestinais humanos possíveis de serem diagnosticados por meio de exames coproparasitológicos, na versão digital e impressa. O objetivo deste material não é substituir as aulas ou livros básicos de parasitologia, mas possibilitar um meio de complementação dos estudos, podendo ser utilizado durante as aulas expositivas ou mesmo como auxílio durante as aulas práticas. A primeira versão deste material foi publicada como u m s o f t w a r e e d u c a c i o n a l e m 2 0 0 3 ( U n i c a mp ) e posteriormente foram construídas novas versões do software, uma para ensino médio (2006 e 2011) e uma segunda versão para o ensino superior (2011) e esta versão como eBook (2013) para uso em computadores e tablets. Este eBook aborda os principais parasitos intestinais, apresentando 19 espécies cujas informações estão divididas da seguinte forma: doença causada, morfologia, habitat, vias de transmissão, ciclo de vida, sintomas e patogenia, distribuição geográfica, diagnóstico parasitológico, controle e prevenção.

Hornink G.G., Kawazoe U., Perez D., Galembeck E.

1 Biologia dos parasitos

1.1 Helmintos

Os helmintos, também chamados popularmente de vermes, são metazoários que podem ser de vida livre ou parasitária e, neste último caso, dividindo-se em dois Filos: Platyhelmintes (vermes achatados); Nematoda (vermes cilíndricos). Muitos dos helmintos infectam o ser humano e possuem este como seu hospedeiro definitivo ou intermediário em alguns casos.

1.1.1 Trematódeos

Os helmintos da Classe Trematoda (do grego trematos , “dotado de buracos”) são endoparasitos, podem ter o corpo achatado dorsoventralmente ou não, forma de uma típica folha, revestido por cutícula. Possuem uma ou mais ventosas (que lembram buracos, daí o nome da classe) com as quais se fixam a certas estruturas do hospedeiro, podendo ou não se alimentar por elas. Os trematódeos digenéticos geralmente apresentam duas ventosas (oral e acetabular ou ventral). Internamente estão presentes os sistemas digestório, reprodutor, excretor e nervoso. As espécies que compõem os digenéticos típicos são hermafroditas, mas os atípicos como Schistosoma mansoni apresentam sexos separados (dioicos). Os representantes mais conhecidos nesse grupo, parasitos de seres humanos são: Fasciola hepatica, trematódeo típico da Família Fasciolidae e Schistosoma mansoni, trematódeo atípico da Família Schistosomatidae.

Principais parasitos humanos de transmissão hídrica ou por alimentos

1.1.1.1 Schistosoma mansoni

Doença causada: Esquistossomose mansônica, popularmente conhecida no Brasil como “Barriga d'água”, "Xistose" ou "Bilharziose".

Morfologia : Adultos: sexos separados, com ventosas oral e ventral (acetábulo) na parte anterior; no macho (1 cm de comprimento) -canal ginecóforo (dobra lateral no sentido longitudinal para alojar a fêmea), esôfago que parte da ventosa oral e se bifurca formando um único ceco até a parte final do corpo, 7 a 9 testículos abaixo do acetábulo que se abrem no canal ginecóforo; fêmea (1,5 cm de comprimento) possui vulva no terço anterior, seguida de útero e ovário. Miracídio ciliado (180 X 64 μm) pode gerar de 100 a 300 mil cercárias (500 μm de comprimento) que apresenta um corpo e a cauda bifurcada. Ovo maduro (cerca de 150 X 60 μm), forma oval, espículo lateral, com miracídio no seu interior.

Habitat: Maturação sexual e local onde vivem os vermes adultos: sistema porta-hepático e veias mesentéricas.

Via de Transmissão: Por meio da penetração ativa das larvas cercárias pela pele e mucosa do hospedeiro definitivo. As cercarias podem ser encontradas na água doce e atingem a densidade máxima por volta das 11 horas.

Ciclo de vida (Figura 1): O ciclo é do tipo heteroxênico (necessidade de mais de um hospedeiro para completar o seu ciclo). As fêmeas eliminam ovos contendo a larva ciliada miracídio na luz do intestino atravessando a mucosa intestinal e estes são liberados para o meio exterior, alcançam água lacustre e eclodem liberando os miracídios, que penetram no hospedeiro intermediário, um molusco do

Principais parasitos humanos de transmissão hídrica ou por alimentos

Figura 1. Ciclo de vida do Schistosoma mansoni.

Sintomas e quadro patogênico: Na fase aguda ou toxêmica da doença, ocorre dermatite cercariana, mal-estar, febre, diarreia, emagrecimento e hepatoesplenomegalia. Na fase crônica, pode ocorrer embolia pulmonar e presença de granulomas pulmonares, hepatite granulomatosa provocada pela presença de ovos; fibrose no Sistema Porta com consequente ascite e hepatoesplenomegalia. Um grande número de ovos pode provocar hemorragias, edemas na submucosa e degeneração do tecido. Ocorrem dores abdominais, diarreias muco sanguinolentas, tenesmo, complicações digestivas e circulatórias.

Distribuição geográfica: A distribuição geográfica da esquistossomose mansônica no Brasil está intimamente relacionada com a distribuição dos moluscos Biomphalaria glabrata, B. tenagophila e B. straminea. A primeira espécie é

Hornink G.G., Kawazoe U., Perez D., Galembeck E.

a principal vetora no Brasil encontrada nas áreas de maior e n d e m i c i d a d e d a d o e n ç a , i s t o é , n o N o r d e s t e (principalmente na Bahia) e no Estado de Minas Gerais. É encontrada também em outros Estados do Nordeste onde são encontrados focos da doença e no Centro-oeste. A segunda espécie é encontrada nas regiões Sudeste e Sul. Apresenta focos nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. B. straminea apresenta distribuição mais ampla se encontrando em praticamente todos os Estados, porém apresenta suscetibilidade mais baixa à infecção por S. mansoni.

Diagnóstico parasitológico: M é t o d o d e K a t o / K a t z , Sedimentação espontânea, Copro Kit e TF test.

Controle e prevenção: Combate aos caramujos do gênero Biomphalaria em áreas críticas, bem como evitar o banho em rios e lagos onde estes existam; campanhas para educação sanitária e conscientização da população; saneamento básico; tratamento adequado dos doentes.

Observações: Granuloma: Formação gerada pela reação inflamatória do organismo em volta do ovo maduro e o antígeno solúvel secretado por este.

A seguir (Figura 2) encontram-se as imagens das formas evolutivas do Schistosoma mansoni.

Hornink G.G., Kawazoe U., Perez D., Galembeck E.

1.1.1.2 Fasciola hepatica

Doença causada: Fasciolose, popularmente conhecida no Brasil como “Baratinha do fígado”.

Morfologia : Morfologia: Corpo foliáceo (3 X 1,5 cm) e cinzento, ventosa oral (extremidade anterior), curta faringe, ramos cecais duplo e extremamente ramificado até a extremidade posterior; abaixo da ventosa ventral e junto a esta se encontra a abertura do poro genital; são hermafroditas com as seguintes características: aparelho genital feminino - um ovário ramificado, oótipo, útero, glândulas vitelinas extremamente ramificadas ocupando as partes laterais e posteriores do parasito; aparelho genital masculino - dois testículos ramificados, canal eferente, canal deferente e bolsa do cirro (órgão copulador).

Habitat: Encontrada geralmente no interior da vesícula e canais biliares de maiores calibres em seus hospedeiros usuais (ovinos, bovinos, caprinos, suínos, búfalos e vários mamíferos silvestres). No ser humano, hospedeiro acidental, é encontrada nas vias biliares, alvéolos pulmonares e outros locais com menor frequência.

Vias de transmissão: Por meio da ingestão de água e verduras contaminadas com metacercárias.

Ciclo de vida (Figura 3): Os adultos são hermafroditas. Apresentam ciclo heteroxênico. Os ovos operculados contendo uma massa celular, são eliminados com as fezes do hospedeiro definitivo para o meio exterior. Ao encontrar condições favoráveis no meio ambiente, originarão o miracídio. O miracídio dentro do ovo, pode permanecer viável até 9 meses, no ambiente. Essa larva eclode apenas quando entra em contato com a água e luz solar, passando ativamente pelo opérculo aberto do ovo. Ao encontrar seu

Principais parasitos humanos de transmissão hídrica ou por alimentos

hospedeiro intermediário, molusco das espécies Lymnaea columella, L. viatrix e L. cubensis , , as larvas penetram ativamente, desenvolvem a fase assexuada e completam o seu ciclo. Caso contrário, após cerca de 6 horas a larva acaba morrendo. No molusco, o miracídio forma esporocisto que origina de 5 a 8 rédias. As rédias formadas poderão gerar as rédias de segunda geração ou cercárias. O ciclo dentro do caramujo pode levar de 30 a 40 dias. As cercárias maduras são eliminadas na água, nadam alguns minutos, perdem a sua cauda e pela secreção das glândulas cistogênicas se encistam, dando origem às metacercárias. Estas se aderem à vegetação ou ficam no fundo da água. Ao ingerir a água ou verduras contaminadas o indivíduo se infecta, as metacercárias se desencistam no intestino delgado, perfuram sua parede, entram na cavidade peritoneal, penetram pela cápsula hepática e migram pelo parênquima hepático. Após 2 meses tornam-se adultos e são encontrados no ducto biliar. Os adultos depositam os ovos operculados que com a bile caem no intestino, sendo eliminados pelas fezes.

Principais parasitos humanos de transmissão hídrica ou por alimentos

Controle e prevenção: Controle dos caramujos, tratamento em massa dos animais, isolamento dos pastos úmidos e brejos, evitar ingerir água não filtrada ou vegetais (agrião) de locais possivelmente infectados.

Observações: O miracídio dentro do ovo, pode permanecer viável até 9 meses, no ambiente (em condições ideais).

Nas imagens a seguir (Figura 4), encontram-se as formas evolutivas da Fasciola hepatica.

Figura 4: Imagens das formas evolutivas da Fasciola hepatica. 1: Ovo 200x; 2: Verme adulto (10x). (Imagens 1 a 2: IB/DBA/Unicamp)

Hornink G.G., Kawazoe U., Perez D., Galembeck E.

1.1.2 Cestódeos

Os helmintos da Classe Cestoda (do grego kestos , ‘fita’ e eidos, ‘semelhante’) são endoparasitos desprovidos de epiderme, cavidade geral e sistema digestório. Apresentam órgãos de fixação situados na parte anterior do corpo, geralmente alongado, em forma de fita. Os adultos de um cestódeo típico apresentam três regiões distintas:  escólex (órgão de fixação na parte anterior) com quatro ventosas e um rostro.  colo;  estróbilo (parte mais longa e segmentada do corpo), formado pela união de proglotes (anéis), podendo ter de 800 a mil, atingindo até três metros de comprimento na T. solium e mais de mil proglotes e atingir até oito metros de comprimento n a T. saginata. As proglotes são subdivididas em jovens, maduras e grávidas. Apresenta ainda:  Ovo: esférico com 30 μm de diâmetro, com uma casca protetora denominada embrióforo, contendo a oncosfera ou embrião hexacanto (membrana dupla com três pares de acúleos).  Cisticerco: Cysticercus cellusosae , larva de T. solium e Cysticercus bovis , larva da T. saginata.

Podem medir de alguns milímetros a muitos metros de comprimento. Os representantes mais conhecidos que parasitam o ser humano são Taenia solium , Taenia saginata (Família Taenidae) e Hymenolepis nana (Família Hymenolepdidae).